Pensar
"Pensar é algo que certamente não se aprende; é a coisa mais compartilhada do mundo, a mais espontânea, a mais inorgânica. Mas aquela também da qual se é mais afastado. Pode-se desaprender a pensar: tudo concorre para isso. Entregar-se ao pensamento demanda até mesmo audácia quando tudo se opõe, e, em primeiro lugar, com muita frequência, a própria pessoa. Engajar-se ao pensamento reclama algum exercício, como esquecer adjectivos que o apresentam como austero, árduo, repugnante, inerte, elitista, paralisante e de um tédio sem limites. Frustrar as artimanhas que fazem crer na separação entre o intelectual e o visceral, entre o pensamento e a emoção. Quando se consegue isso, é como se fosse a eterna salvação! E isso pode permitir a cada um tornar-se, para o bem e para o mal, um habitante de pleno direito, autónomo, seja qual for seu estatuto. Não é de surpreender que isso não seja nem um pouco encorajado.”
cit.
Viviane Forrester